Sistema da liquidez sob a ótica do neopatrimonialismo

Este artigo apresenta reflexões sobre o sistema básico da liquidez, esse como um agregado de funções volvidas a satisfazer as necessidades de pagamentos relativos aos compromissos da célula social com a comunidade que a envolve. Objetiva, inclusive, tanto a influência ambiental endógena como a influência exógena no que essa tangem a riqueza da célula social. Também influencia o entorno ambiental onde está inserida a célula social. Os fluxos e refluxos circulatórios que produzem a eficácia ou a ineficácia no sistema da liquidez são aqui considerados em suas relevâncias.

Função e disfunção da liquidez

A função básica da liquidez é transformar meios patrimoniais em numerário para suprir a necessidade de pagamento da riqueza da célula social. É a de pagar em dia o compromisso assumido com terceiros. Objetivo essencial, pois, do comportamento sistemático, no caso, é o do suprimento da necessidade de realizar pagamentos, nos locais e tempos certos, na quantidade e com as qualidades pertinentes.

A eficácia da liquidez depende da condicionante referida. Não ocorrendo o pagamento dentro das dimensões referidas, não se satisfaz a necessidade e, então, o que ocorre é a ineficácia.

O pagamento é um fenômeno patrimonial, pois, sempre que um fato modifica a riqueza ocorre tal evento. Por exemplo, o pagamento de uma duplicata, a compra de uma mercadoria, a venda deste meio patrimonial, o pagamento de juro, um empréstimo bancário etc. O pagamento de uma duplicata em seu vencimento é um fenômeno patrimonial que resultou em eficácia, sendo essa a condição desejável e também natural. O seu pagamento com atraso é um fenômeno indesejável e antinatural. A falta de dinheiro para pagar tempestivamente os fornecedores, na data de vencimento de uma obrigação é antinatural.

A contabilidade, todavia, tanto estuda o natural como o antinatural em relação ao patrimônio, mas, os modelos que objetiva são os de eficácia.

O modelo contábil, deve, ser constituído tendo por base a ocorrência normal e que resulta em eficácia. O mesmo ocorre na medicina onde o corpo humano que se tem por base é aquele de um ser normal. Para os casos anormais tem-se um estudo específico e que é o da Patologia. A contabilidade não exclui o estudo e a análise do fato inatural, mas, como na medicina, o estuda no campo das anormalidades, como se fosse uma patologia patrimonial.

O desejável na célula social é que ocorra o fenômeno patrimonial natural e que o sistema da liquidez seja eficaz

Liquidez eficaz é a capacidade de transformar meio patrimonial para satisfazer a necessidade de pagar encargo assumido com terceiro. O Prof. Lopes de Sá (1998 p. 225) leciona: “Uma liquidez é eficaz quando os meios de pagamento suprem tempestivamente as necessidades de pagamento, ou seja, quando tais meios se convertem rapidamente em dinheiro a tempo de socorrerem as saídas de numerários que a azienda necessita cobrir” . E Sá (1992 p. 179) quanto a eficácia nos diz: “A eficácia do sistema (EaS) ocorrerá, se e somente se, o patrimônio meio (Pm) em função, conseguir anular a necessidade patrimonial (Pn)”. Para que a liquidez tenha eficácia é necessário que tenha mais meio de pagamento que necessidade de pagamento. Possuir dinheiro em depósito bancário não significa liquidez eficaz. Esta disponibilidade de numerário é parte do sistema da liquidez. Disponibilidade não é o mesmo que liquidez.

Cecherelli, pai das idéias que gerariam a Escola Aziendalista, insistia na diferença conceptual entre disponibilidade e liquidez. Lecionava que disponibilidade eram os meios líquidos e aptos para uma função imediata e os realizáveis para os mesmos atos, mas mediatos, estes os que se podem transformar em dinheiro e a liquidez todo o conjunto de uma correlação tempestiva entre meios e necessidades em face da função do dinheiro.

Segundo Souza (2000) disponibilidade é o conjunto de bens patrimoniais representados pelo dinheiro e elementos do capital circulante que rapidamente se transforma em numerário.

E assim podemos dizer que disponível é o elemento patrimonial e liquidez é a capacidade deste elemento de ser eficaz em pagar o compromisso da célula social. Por compromisso entendemos encargos sociais, taxas, impostos, fornecedores, empréstimos, juros etc.

Quando há uma compra de um computador para uso pessoal com dinheiro do caixa, houve um desvio de função o que chamamos de disfunção de liquidez. O meio de pagamento não foi usado corretamente. Houve, sim, uso indevido do dinheiro da empresa. O disponível do caixa é para encargos da célula social e não suprir necessidade particular. Isto ocorre principalmente na empresa individual, empresa de pequeno porte ou com tradição familiar. A realidade nos tem demonstrado o uso indevido da liquidez. Onde o empresário usa meio de pagamento para saldar dívida pessoal ou familiar. Não separa o caixa da empresa com o caixa da família. Todo pagamento efetuado em caso particular e não da empresa constitui uma disfunção da liquidez. Pois esta tem função de saldar compromissos da célula social. Aja visto que um dos fatores da falência de empresa está no desvio de dinheiro para caso particular.

Esta anomalia afeta os outros sistemas como a resultabilidade, estabilidade, economicidade, produtividade, invulnerabilidade e elasticidade. Cada sistema é autônomo mas há interação constante entre os mesmos. A eficácia ou ineficácia de um dos sistemas vai influenciar os outros sistemas.

Influência ambiental endógena e exógena na liquidez

A influência ambiental endógena que é da administração e do pessoal é interna na célula social. Ela pode causar eficácia ou ineficácia no sistema básico da liquidez. A compra ou a venda de meio patrimonial pelo gerente influenciará a liquidez. Pois tanto na compra como na venda de mercadoria haverá mutação no caixa. Na compra de meio patrimonial haverá diminuição e na venda aumento de numerário.

O sistema da liquidez tenderia à inércia se não houvesse influência ambiental endógena ou exógena. São estas que constantemente dinamizam a liquidez. Por exemplo, o dono de uma loja de roupas compra camisas para vender. Paga a vista.

Saiu dinheiro do caixa. Houve uma modificação de numerário por influência ambiental endógena. Na venda da camisa há entrada de dinheiro no caixa por influência ambiental exógena. Assim também ocorre constantemente com outro meio patrimonial. O fenômeno patrimonial vai ocorrendo sempre que houver mutação no meio de pagamento. Cada vez que sai ou entra dinheiro no caixa ocorre o fenômeno patrimonial. A ocorrência deste fenômeno é numeroso diariamente, principalmente em Bancos onde, a cada momento, é depositado ou retirado dinheiro. Num grande Supermercado ocorre também inúmeros fenômenos patrimoniais no sistema da liquidez. Também a influência ambiental exógena vai criando fenômeno patrimonial na liquidez. Por exemplo, a alta do dólar, é uma influência ambiental exógena, vai gerar mutação no sistema de pagamento. Aumentando o dólar é necessário mais dinheiro para pagar o fornecedor que vendeu nesta moeda. Há uma diminuição na capacidade do meio de pagamento.

Por exemplo, uma caixa de óleo de girassol custa 12 dólares. Em moeda nacional o dólar a R$ 1,80 vai custar R$ 21,60. Subindo o dólar a R$ 2,00 precisa de R$ 24,00 para pagar a mesma caixa. Aumentou assim a necessidade de mais dinheiro para a mesma mercadoria. Assim ocorre com outro meio patrimonial; a influência ambiental exógena cria variação no meio de pagamento. Esta mutação interessa à Contabilidade e é importante saber a repercussão nos outros sistemas. A escrituração do fato contábil é importante, mas, o que é mais importante é saber a repercussão do fato na dinâmica patrimonial para assim poder criar modelo contábil eficaz para a gestão da célula social.

A liquidez sofre influência também do mercado, do governo, da intempérie etc.

Quando há diminuição de compra ou serviço há diminuição de liquidez. Isto quer dizer que quando diminui a procura de meio patrimonial e serviço há obviamente a diminuição de entrada de dinheiro e com isto a dificuldade de pagamento.

O governo quando aumenta o imposto cria problema de caixa na empresa e com isto afeta a dinâmica do pagamento.

A intempérie tem influência na liquidez. Ela pode gerar um aumento de liquidez ou diminuição da liquidez. Vai depender do setor de atividade da empresa e em algumas é de alta relevância, como as do meio rural.

Observando e analisando num curto espaço de tempo a intensificação do frio na região sul, houve influência do mesmo no aumento da venda do meio patrimonial para se resguardar do frio, houve assim, acréscimo de venda nas lojas de roupas, no comércio de fogões a lenha, de ar condicionado, de aquecedores, de vinho, de chocolate, de chás, etc. Houve uma dinamização destes meios patrimoniais em virtude do aumento do frio.

Verificou-se também, uma diminuição da atividade de outros setores patrimoniais como: refrigerantes, sorvetes, sucos de frutas, cachorro quente, gelo, água mineral, ventilador, horticultura etc.

Quando há aumento de venda tende a existir, normalmente, a dinamização da liquidez. Existem, é óbvio, também, casos anormais como os dos calotes, desonestidades do cliente, inadimplências etc e isso faz parte do risco empresarial, considerável, na teoria lopesista da Contabilidade, no sistema da invulnerabilidade.

Quando há diminuição de venda tende a existir diminuição na liquidez, ainda que temporária. Quando há aumento de venda há aumento da liquidez ainda que possa ser também temporário.

A influência ambiental exógena do fenômeno natural do frio tem influência em alguns meios patrimônios.

Influência da liquidez no entorno

Numa célula social onde há eficácia da liquidez há influência positiva no entorno patrimonial, quer direta, quer indiretamente. O pagamento eficaz dos encargos sociais, de fornecedores, de impostos, etc. tende a gerar a satisfação do empregado. O empregado satisfeito produzirá mais e melhor. O fornecedor terá confiança que o pagamento será efetuado no vencimento e poderá planejar novos investimentos e os governadores públicos poderão dispor de dinheiro para novas obras em beneficio da população (quando não desviam os recursos, como os tem feito segundo tem noticiado a imprensa a cada dia).

Havendo diminuição da função da liquidez a célula social terá dificuldade financeira para pagar seus compromissos. Esta dificuldade poderá ser causada por inadimplência que é falta de pagamento do cliente, diminuição das vendas, aumento de impostos e taxas etc.

A disfunção do sistema da liquidez, quando ocorre a dificuldade em saldar compromissos gera problemas no setor pessoal, muitas vezes com diminuição do quadro, no estoque com diminuição das compras, atraso no pagamento a fornecedor, imposto etc. Cria-se assim, também, influência negativa na comunidade.

Um dos problemas sociais gerados por crise na liquidez é o desemprego. Em casos graves pode ocorrer a falência da célula social.

Liquidez e a corrente científica do neopatrimonialismo

A observação e a análise do que ocorre no interior e no exterior da riqueza aziendal é matéria importante para a gestão da liquidez. O Neopatrimonialismo de forma competente vem observando, estudando e criando novas teorias para a eficácia do sistema da liquidez bem como para o patrimônio.

Uma legião de professores, profissionais, escritores, universitários qualificados, compõe hoje uma das maiores correntes de pensamento científico da Contabilidade, a primeira em toda a história do Brasil e que pela primeira vez também na comunidade intelectual internacional apresenta uma doutrina deveras holística.

Essa importante corrente analisa diversos teoremas, bases para modelos de liquidez, mas, com rigores científicos.

Não são modelos empíricos de aplicação parcial, mas, como convém à ciência, de valor universal.

Neopatrimonialismo de Lopes de Sá, ao qual nos filiamos, conta com milhares de adeptos em todo mundo, e a seriedade dos estudos dessa corrente científica é que a consagrou (está hoje em páginas da Comunidade Européia e em diversas outras das Américas).

De acordo com essa corrente, o sistema da liquidez é um sistema básico e merece teoria específica.

O teorema de Sá (1998) enuncia que: A liquidez só tem condições de crescer efetivamente quando aumentam os meios de pagamentos, sem que ocorra um equivalente acréscimo das dívidas e especialmente quando o aumento se opera com a retenção dos lucros líquidos finais. É um dos mais importantes para os estudos da questão.

Relaciona, fatores de relações importantes: o quantitativo dos componentes do sistema e a origem do aumento quantitativo dos meios.

Estabelecer os modelos que determinam essa relação de harmonia é uma grande tarefa que os neopatrimonialistas estudam em bases científicas e que vem fazendo evoluir a doutrina da Contabilidade.

Bibliografia

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Herckert Werno. (2007, marzo 18). Sistema da liquidez sob a ótica do neopatrimonialismo. Recuperado de https://www.gestiopolis.com/sistema-da-liquidez-sob-a-otica-do-neopatrimonialismo/
Herckert Werno. "Sistema da liquidez sob a ótica do neopatrimonialismo". gestiopolis. 18 marzo 2007. Web. <https://www.gestiopolis.com/sistema-da-liquidez-sob-a-otica-do-neopatrimonialismo/>.
Herckert Werno. "Sistema da liquidez sob a ótica do neopatrimonialismo". gestiopolis. marzo 18, 2007. Consultado el . https://www.gestiopolis.com/sistema-da-liquidez-sob-a-otica-do-neopatrimonialismo/.
Herckert Werno. Sistema da liquidez sob a ótica do neopatrimonialismo [en línea]. <https://www.gestiopolis.com/sistema-da-liquidez-sob-a-otica-do-neopatrimonialismo/> [Citado el ].
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